Os primórdios da Caritas Arquidiocesana de São Paulo (CASP) surgiram no contexto do período em que a Caritas Brasileira organizou os escritórios regionais para facilitar a distribuição dos alimentos que chegavam dos Estados Unidos. A regional criada em São Paulo também fazia o papel de uma Caritas para a Arquidiocese de São Paulo, organizada pelos padres Oblatos de Maria Imaculada, que eram de origem norte-americana. Durante mais de uma década, eles foram os responsáveis pela administração e operação da unidade.
Em 1967, Dom Agnelo Rossi, então cardeal arcebispo de São Paulo, optou por trazer a Caritas Arquidiocesana para a administração direta da Arquidiocese. A intensão dele era expandir o escopo de atuação, o que significava também a abertura de novos horizontes para a Caritas em suas atividades de promoção humana.
A partir dessa decisão, a CASP passaria a ser a responsável pela coordenação das atividades de todas as entidades beneficentes, de orientação ou inspiração católica, localizadas dentro dos limites da Arquidiocese.
Dom Agnelo Rossi convocou e presidiu uma Assembleia Geral Extraordinária em 1º de dezembro daquele ano, com a finalidade de estabelecer um estatuto para dar personalidade jurídica para a Caritas Arquidiocesana, refletindo o novo modelo de entidade que ele queria imprimir.
No estatuto, a Caritas Arquidiocesana de São Paulo foi especificada como entidade beneficente, de fins assistenciais e não lucrativos, com sede na cidade de São Paulo. Embora fosse juridicamente autônoma, a CASP passou a ser parte integrante do Conselho de Pastoral da Arquidiocese de São Paulo, dirigindo a Ação Social da Igreja.
Para o cargo de diretor, foi nomeado o Pe. Luciano Túlio Grilli. Também compuseram a primeira diretoria Geraldo Dias Moreira (secretário-executivo), Wellington Moreira Santos (tesoureiro) e Hilda Zanini Turano (coordenadora-geral).
À época, Dom Paulo Evaristo Arns era Bispo Auxiliar de São Paulo, responsável pela Região Episcopal de Santana, com atuação intensa na área social, principalmente às necessidades da população mais carente.
Importante salientar que a forma como a Caritas Arquidiocesana de São Paulo passou a exercer o seu papel estava em consonância com as diretrizes do Concílio Vaticano II, que mudaram a forma como a Igreja deveria se relacionar com a sociedade. O serviço social visando à caridade deixaria de ser centralizado em atividades assistencialistas para priorizar o desenvolvimento integral da pessoa humana, a partir do reconhecimento e respeito pela sua eminente dignidade.
Em 1º de novembro de 1970, Dom Paulo Evaristo Arns assumiu a Arquidiocese de São Paulo seguindo os passos do Concílio Vaticano II. Tanto que a Campanha da Fraternidade de 1972 teve como lema “Descubra a Felicidade de Servir”, com o objetivo de “motivar fortemente o povo para descobrir, na mentalidade de serviço, a mensagem da fraternidade, como fonte de felicidade”.
Imbuído desse espírito e com o sentido de urgência para oferecer uma pronta resposta ao apelo da parcela mais carente da população, ele lançou, em outubro do mesmo ano, a Operação Periferia, implantada com apoio da CASP, de padres e representantes das nove regiões que compunham a Arquidiocese naquela época.
A Operação Periferia teve seus trabalhos iniciados em outubro de 1972, absorvendo toda a atenção da Arquidiocese por seu caráter de atender às pessoas mais necessitadas. O propósito era mostrar que também era possível formar uma versão urbana das Comunidades Eclesiais de Base, assim como existia nas áreas rurais, onde a Igreja ficava mais próxima da comunidade mais pobre.
Com o objetivo de espraiar o projeto por toda a cidade, Dom Paulo Evaristo Arns vendeu, em 1973, o Palácio Episcopal Pio XII, a fim de obter recursos para levantar paróquias e fazer o trabalho pastoral nas periferias. Contudo, Dom Paulo mudou os planos incluindo uma novidade no projeto: a construção de Centros Comunitários, um espaço de encontro com o povo.
Por meio dos Centros Comunitários, dentro da Operação Periferia, foram revelados os problemas reais do povo mais carente e suas prioridades. Esse projeto contribuiu para transformar São Paulo, que, à época, tinha oito milhões de pessoas morando nas periferias.
Nos primeiros anos da década de 1970, a Operação Periferia foi progressivamente firmando um jeito novo de organizar o trabalho pastoral, a partir da metodologia “ver, julgar e agir”. Foi sob esse lema que a Arquidiocese de São Paulo organizou o seu trabalho.
Direitos humanos, o mundo do trabalho e as favelas estavam no centrodos trabalhos das pastorais. Diante da importância dessas ações, entre 1974 a 1976 surgiram os Bispos Auxiliares. Depois, a Operação Periferia passou a chamar-se Pastoral da Periferia, com cada Região tendo a sua.
Entre 1976-1977 começou a vigorar o 1º Plano de Pastoral, com o objetivo de atingir, pelo Evangelho, todos os homens dentro de sua realidade, levando-os a diversas formas de participação na comunicação eclesial e de solidariedade humana”. O foco da Igreja em São Paulo era zelar pelas pessoas mais necessitadas.
Nos moldes da CNBB, os planos fixavam, a cada dois anos e, depois, a cada quatro, objetivos e prioridades às pastorais, para garantir a eficácia e unidade pastoral evangelizadora.
Todas as ações sob o pastoreio de Dom Paulo Evaristo Arns são reflexo do momento que a Igreja vivia: a Teologia da Libertação e a opção preferencial pelos pobres, um período de renovação da teologia bíblica e de distanciamento do poder político.