Preocupada com os impactos das mudanças climáticas no tema refúgio, a Caritas Arquidiocesana de São Paulo (SP) vai pautar o Plano de Ação da Diretoria no ano de 2024 na encíclica Laudato si’ e na exortação apostólica Laudate Deum, do Papa Francisco. O plano foi apresentado pela direção da CASP na 60ª Assembleia Geral Ordinária, na sexta-feira, 24, na sede da Região Santana, na zona norte da capital paulista.
Elaborada em 2015, a encíclica Laudato si’ chama a atenção para o cuidado com a “casa comum”, ou seja, com o planeta Terra.
“O próprio surgimento da Caritas Arquidiocesana de São Paulo está fortemente conectado com o tema refúgio, no qual a entidade é conhecida pelo trabalho que tem feito em seus 55 anos de história. Por isso, decidimos tomar a encíclica e a exortação apostólica como bússolas para nossas ações a partir do ano que vem, pois a questão dos refugiados climáticos nos preocupa bastante, pois isso trará forte impacto em nosso trabalho”, disse o Diácono Márcio José Ribeiro, diretor da CASP.
Em trecho da Laudato si’, o Papa Francisco escreve: “Esquecemo-nos de que nós mesmos somos terra (cf. Gn 2,7). O nosso corpo é constituído pelos elementos do planeta; o seu ar permite-nos respirar, e a sua água vivifica-nos e restaura-nos. Nada deste mundo nos é indiferente.”
Neste ano, o Papa lançou a Laudato Deum, na qual afirma, inequivocadamente, que “não há dúvidas sobre a origem humana – antropogênica – e da mudança climática”, uma consequência do desenvolvimento industrial; e que o desenvolvimento econômico está mais preocupado com o lucro do que com a crise climática.
Dentro desse tema, a CASP pretende realizar dois simpósios no ano que vem, a fim de estruturar o plano de ação.
Além disso, a entidade também terá como foco assumir a Campanha da Fraternidade 2024, e já tem trabalhado na formação de sua equipe nesse sentido; continuar o processo de fortalecimento dos Núcleos Regionais (NRs); sensibilizar a sociedade a respeito do VIII Dia Mundial dos Pobres, a exemplo do trabalho realizado pelos NRs nas celebrações da data este ano; e continuar firmando sua imagem e ações como o braço social estendido e da caridade organizada da Igreja Católica.
BALANÇO DO ANO
A 60ª Assembleia Geral Ordinária da CASP foi presidida por Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo na Região Santana, que representou o Cardeal Odilo Pedro Scherer. Também participaram os Bispos Auxiliares Dom José Benedito Cardoso e Dom Rogério Augusto das Neves.
Na ocasião, foram destacados os trabalhos feitos pela CASP dentro do cumprimento de sua missão para colaborar na construção de uma sociedade mais fraterna.
O Diácono Márcio falou sobre o Projeto Promove, uma parceria com as Irmãs de Santa Cruz para fortalecer as ações dos Núcleos Regionais (Belém, Brasilândia, Lapa, Ipiranga, Santana e Sé), com o intuito de atender às necessidades das populações do entorno dessas regiões, além de todas as ações realizadas pelo VII Dia Mundial dos Pobres, celebrado em 19 de novembro.
“Os Núcleos Regionais têm realizado um belo trabalho ao longo deste ano, e nós vamos continuar fortalecendo as parcerias para que essas ações possam atender a um número cada vez maior de irmãs e irmãos em situação de vulnerabilidade social e econômica”, destacou.
O diretor da CASP também lembrou das campanhas realizadas pelo organismo da Igreja Católica em prol das vítimas da chuvas no Litoral Norte de São Paulo e no Rio Grande do Sul, em que foram arrecadados recursos posteriormente enviados a entidades parceiras nessas regiões.
TEMA DO REFÚGIO
O Vice-diretor da CASP, Padre Marcelo Maróstica Quadro, abordou a participação cada vez maior da entidade nas esferas federal, estadual e municipal que têm poder decisório para implementar políticas públicas em benefício da população em situação de refúgio na cidade de São Paulo.
“Como uma organização da sociedade civil, um dos elementos importantes que marcam a nossa ação é a incidência política, a colaboração na construção de políticas públicas. E, neste ano, tivemos a alegria de criar um grupo de incidência política, um grupo de advocacy, que nos permite ocupar alguns espaços”, disse.
A CASP tem participação, com direito a voto, no Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), e neste ano venceu a eleição como representante da sociedade civil no Conselho Municipal de Imigrantes (CMI). A entidade também faz parte de outras instâncias de debate sobre políticas para pessoas em situação de refúgio.
Ao longo de 2023, mais de 4 mil cidadãos e cidadãs que solicitaram o visto de refugiado no Brasil passaram pelo atendimento da CASP, conforme destacou a coordenadora do SAOR (Serviço de Acolhida e Orientação para Refugiados), Talitha Iamamoto.
“Conseguimos realizar esses atendimentos graças aos esforços empenhados por toda a equipe, a despeito de todas as dificuldades que enfrentamos para atender às demandas de pessoas que chegam até nós muito fragilizadas”, disse.
MAIS RECURSOS
Para realizar esse trabalho, a CASP conta com o apoio de parceiros, sejam pessoas físicas ou jurídicas, entidades da sociedade civil e órgãos governamentais.
A boa notícia é que, este ano, cresceu em 50% o número de doações, incluindo recursos financeiros e itens materiais, como roupas, brinquedos, entre outros, segundo contou a captadora de recursos da entidade, Sandra Dias. “A estreia do nosso site contribuiu bastante para que esses doadores chegassem até nós. Também fizemos contato direito com escolas, empresas e outros potenciais doadores sem os quais seria impossível fazermos nosso trabalho”, apontou.
NOVOS AGENTES E HOMENAGENS
Na Assembleia, também foram apresentados os novos agentes Caritas. Trata-se da psicóloga Mônica Lemes, do Setor Pirituba do NR Lapa; e o novo membro do Conselho Fiscal da CASP, Reginaldo César Rodrigues, da Região Brasilândia.
Ao fim do encontro, a direção da CASP ainda prestou uma homenagem a três pessoas que faleceram este ano: o Diácono Permanente Orlando Luciano da Silva, conselheiro fiscal da entidade; o Diácono Permanente André Iasz Filho, da Paróquia São Francisco de Assis, do Setor Butantã da Região Lapa, ambos falecidos em agosto; e a assistente social Fátima Giorlano, que faleceu no dia 11 de novembro, deixando um legado social imenso por onde passou.